A vida do folião está fácil no Brasil. Um levantamento da Rico mostra que os artigos típicos do Carnaval ficaram bem mais caros na última década, acima da média medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país.
A cesta de itens carnavalescos teve alta de mais de 95% em 10 anos, enquanto a inflação oficial do país subiu 75%.
O preço das bebidas alcoólicas, por exemplo, mais do que dobrou em 10 anos, com uma alta de 106,32% no período. Favorita para a ocasião, a cerveja teve um aumento de mais de 63% no período.
Outro destaque ficou com o pacote turístico, que teve um ganho de 86% e também subiu mais que o IPCA. Outros artigos, como maquiagens (40%) e bijuterias (56%), tiveram altas mais comedidas.
Segundo a analista de research da Rico Maria Giulia Figueiredo, uma combinação de fatores justifica o aumento dos preços da cerveja e de outras bebidas alcoólicas ao longo dos últimos anos.
“O primeiro grande impacto vem da alta nos custos de produção, principalmente dos insumos básicos como milho e trigo, ambos usados na cevada”, diz a analista.
Ela explica que, como esses insumos são em boa parte importados, são mais sensíveis à variação cambial. “Ou seja, quanto mais desvalorizado o real, mais caro o insumo”, afirma.
Além disso, outros fatores que contribuíram para o aumento desses produtos foram:
- A alta de preços de embalagens, especialmente do alumínio, que sofreram oscilações no mercado internacional e impactaram os custos para fabricantes;
- A elevação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre bebidas alcoólicas em alguns estados; e
- O efeito sazonal, que costuma refletir o aumento da demanda por esses produtos em épocas como verão e Carnaval.
- Nesse sentido, os itens de maquiagem, bijuterias e vestimentas, além de serviços de estética, também tendem a sentir os preços subirem pela maior demanda pelos produtos na época de Carnaval.
“Cresce a procura por cosméticos, tinturas capilares, glitter e acessórios, levando muitos lojistas a ajustarem os preços para aproveitar o pico da demanda”, afirma a analista.
A especialista ainda destaca outros fatores que influenciam principalmente o segmento de serviços nessa alta dos preços.
“Esse aumento não acontece apenas pelo acréscimo de demanda, mas também por custos operacionais mais elevados, como a necessidade de um número maior de profissionais ou horário de atendimento estendido”, completa.