A Justiça do Rio de Janeiro determinou o arquivamento de um procedimento de investigação criminal (PIC) que apurava a denúncia de quatro mulheres contra o ex-diretor de humor da TV Globo Marcius Melhem por crime de violência psicológica contra elas. A notícia é da coluna de Mônica Bergamo.
A informação é da Folha de São Paulo. A decisão do juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal do RJ, atende a um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro . O procedimento foi aberto para apurar o conteúdo de 132 vídeos postados pelo ex-diretor em redes sociais. Neles, Melhem se defendeu das acusações de assédio sexual feitas por elas à Justiça, e que o transformaram em réu.
O objetivo era investigar as postagens de Melhem sobre o caso contido em “comentários públicos constrangedores e desqualificadores das vítimas e testemunhas”, desencadeando contra elas manifestações de ódio nas redes sociais.
A promotora Fabíola Lovis concluiu que o ex-diretor fez as postagens apenas para o defensor.
No pedido de arquivamento acatado pela Justiça, ela destacou um laudo assinado por quatro peritas do Ministério Público que se debruçaram sobre os vídeos. “A análise técnica revelou que o discurso das vítimas é sugestivo de ‘combinação’, apresentando, ainda, muitas contradições”, afirmou a promotora.
Ela disse que o laudo técnico, que analisou também "as oitivas das supostas vítimas", salienta que "todas mencionam serem lesões de ansiedade, insônia, depressão, vergonha e que foram prejudicadas na vida profissional, assim como manter o mesmo discurso e comportamento, sugestão de um direcionamento orientado”.
Os advogados Mayra Cotta e Davi Tangerino, que representam as mulheres que acusam Melhem de assédio sexual e de violência psicológica, elencaram uma série de ações e denúncias contra o ex-diretor e afirmaram que as vítimas deveriam prevalecer também no caso da acusação que foi examinada pelo MP do Rio de Janeiro. "Nada foi fácil para as vítimas até agora; mas prevaleceram. Não seria diferente nesse último caso", disseram eles, em nota.
Em seu despacho, a promotora Fabíola Lovis também disse que a cronologia das publicações do ex-diretor "deixa inequívoco que o investigado somente passou a se manifestar sobre as acusações de assédio sexual" depois de ser citado "em vários assuntos e entrevistas" da advogada das acusadoras, Mayra Cotta, "bem como em manifestações de apoio às vítimas, notadamente nas redes sociais".