O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vinha sendo publicamente elogiado por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pela sua abertura ao diálogo, em meio aos ataques dos seus correligionários de direita à Corte. A informação é da CNN.
Por isso, seu discurso neste domingo (16) surpreendeu os magistrados que acompanharam – pela televisão – os atos convocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A avaliação foi de que Tarcísio “comprou” a narrativa de que o poder Judiciário age politicamente.
No palanque montado na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, Tarcísio sugeriu que a razão de afastar Bolsonaro das urnas era impedir que ele vencesse o pleito de 2026 – uma referência às decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornaram o ex-presidente inelegível até 2030.
Ao defender a concessão de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, o governador de São Paulo também acabou acusando o STF de condenar “inocentes”.
Para ministros do Supremo, essa mudança de tom não passou batida. A interlocutores, esses magistrados disseram que, da boca de Bolsonaro, esse já era até um discurso esperado. Da de Tarcísio, por outro lado, causou espanto.
Um magistrado disse que o governador que subiu no palanque de Bolsonaro não era o mesmo que, poucas semanas atrás, demonstrava respeito às instituições democráticas ao ser cobrado sobre a implementação das câmeras corporais.
Também foi mencionado que, no fim de fevereiro, Tarcísio esteve ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no lançamento do edital do túnel Santos-Guarujá, dizendo que era preciso deixar a disputa política de lado para priorizar os cidadãos.
Como a CNN mostrou, o Palácio do Planalto viu a fala de Tarcísio com desconfiança. A avaliação de assessores do governo petista é de que o governador radicalizou e fez um discurso típico de um candidato a presidente.
Tarcísio, entretanto, não só negou que vá se candidatar à presidência da República em 2026, como reforçou apoio a Bolsonaro – a despeito de o ex-presidente estar inelegível, sem qualquer perspectiva de reversão do quadro até o próximo ano.