Neymar é o filho pródigo do Santos. O time da Vila Belmiro teve muitos filhos, mas dois sempre foram diferentes dos demais: Pelé e Neymar.
Pelé, o mais velho, honrou seu pai todos os dias, até seu leito de morte. Foi um filho talentoso, respeitador, esforçado e dedicado. Não é à toa que virou rei. A união sempre foi bonita. A saída para o Cosmos, dos Estados Unidos, nem é tão lembrada quando a vida longa com o manto branco.
Já Neymar, o mais novo, ganhou cedo o título de príncipe. Depois de Pelé, só ele levou o Santos ao mundo novamente. Contudo, assim como na parábola, pegou o que era de seu direito e foi embora.
No começo, até encontrou motivos para se alegrar. Com Messi e Suarez, protagonizou o famoso MSN. Mas, será que realmente estava feliz? Algo faltava. Foi em busca de se preencher na França.
Teve seu auge, mas ainda sentia a ausência de alguma coisa. Não era fama, dinheiro ou mulheres. Teve isso aos montes. Porém, foi em busca de mais. Talvez, o que tivesse era pouco. Mais uma mudança e, desta vez, para a Arábia Saudita.
Era nítido que Neymar havia virado uma pessoa vazia. Diferente da parábola, não perdeu tudo em dinheiro e luxo. Ao invés disso, perdeu em essência e alegria. As lesões eram reflexos do momento psicológico do jogador. Como explicar, a sequência imparável de contusões, sempre em momentos de tristeza e falta de vontade? É idolatrado onde passa, tem milhares de amigos, tem todo o dinheiro necessário para sua décima geração não precisar mais trabalhar e viveu uma vida repleta de mulheres e filhos. O que faltava?
Agora, o filho mais novo já está velho. Não é mais um menino. O príncipe nunca conseguiu merecer a coroa e virar rei. Já começava, inclusive, a ser questionado se voltaria um dia a fazer o que sempre gostou.
Apenas um lugar o receberia com a mesma alegria de quando o viu surgir para o mundo. E é aí o fim da parábola: Neymar, o filho pródigo, decidiu retornar para casa e receber um abraço do seu pai.
Despido de tudo o que o formou, decidiu voltar e relembrar suas raízes. Quantas vezes precisamos voltar para casa para nos reconectarmos com o que realmente somos? Vai além de dinheiro e mídia. É humano.
Para divergir da parábola, tenho certeza de que, neste caso, o filho mais velho está radiante e feliz por ver, novamente, sua casa cheia, o Santos feliz e Neymar de volta.