A Americanas, que divulgou seu resultado financeiro referente ao quarto trimestre do ano passado, ainda passará muito tempo “em modo de recuperação”, após o escândalo contábil envolvendo a companhia em 2023. A avaliação foi feita pelo presidente da varejista, Leonardo Coelho, nesta quinta-feira (27). A informação é do Metrópoles.
“Temos, pelo menos, uns cinco ou seis trimestres pela frente ainda em modo de recuperação”, disse o executivo, ao comentar a derrocada das ações da empresa na Bolsa de Valores do Brasil (B3) após a divulgação dos resultados do período entre outubro e dezembro de 2024.
“Temos de lembrar o tamanho da crise no início de 2023”, continuou Coelho. “Sempre dissemos que era um processo longo. Não se consegue fazer uma recuperação que deixe a companhia preparada para o longo prazo acelerando além do que ela suporta”, completou.
Segundo a diretora financeira da Americanas, Camille Loyo Faria, a companhia espera deixar o processo de recuperação judicial até o fim de 2026. A expectativa é a de que, nesse período, a varejista cumpra “99% do plano” de reestruturação.
Ações despencam
As ações da Americanas negociadas na B3 operavam em forte queda nesta quinta-feira, após a divulgação dos resultados da companhia.
Por volta das 14 horas (pelo horário de Brasília), os papéis da varejista desabavam 24,97% e eram negociados a R$ 6,79.
De acordo com a Americanas, o prejuízo líquido no período entre outubro e dezembro de 2024 foi de R$ 586 milhões. O resultado reverteu o lucro líquido registrado no quarto trimestre do ano anterior, de R$ 2,56 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Americanas no quarto trimestre ficou em R$ 180 milhões. No mesmo período de 2023, a empresa registrou Ebitda negativo de R$ 1,18 bilhão.
Segundo os resultados divulgados pela Americanas, a receita líquida consolidada somou R$ 4,3 bilhões, o que representou uma queda de 4,5% em relação ao quarto trimestre de 2023.
No acumulado de 2024, a receita líquida consolidada da Americanas somou R$ 14,3 bilhões. Na comparação com 2023, houve um recuo de 2,8%.
Rombo contábil
No dia 11 de janeiro de 2023, a Americanas informou ao mercado que havia detectado “inconsistências contábeis” em seus balanços corporativos. Até então, o rombo era estimado em cerca de R$ 20 bilhões. Era o início do desmoronamento de uma das companhias mais tradicionais do país.
O episódio, hoje apontado como o maior escândalo corporativo da história do Brasil, deflagrou uma série de acontecimentos que levaram a Americanas à lona. Mais de 2 anos depois, a varejista ainda está longe de uma recuperação total.