O cenário inflacionário em 2025 deve continuar em aceleração refletindo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024, de acordo com economistas consultados pela CNN. Segundo as análises, a valorização do dólar e a alta nos preços dos alimentos serão os principais fatores para pressão nos preços.
“Os dados desta sexta-feira dão sinais de uma contaminação inicial do varejo pela depreciação cambial, especialmente em alimentos e industriais, enquanto o mercado de trabalho aquecido começa a pressionar os serviços subjacentes, em um processo de reinflação bastante disseminada”, diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
A noticia é de PATRICK FUENTES. O indicador oficial da inflação encerrou o último ano em 4,83%, abaixo do projetado pelo boletim Focus nesta segunda (6), que projetava a inflação a 4,89%. No entanto, acumulado ainda estoura a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) era de inflação a 3%, com margem de tolerância de 1,5% – ou seja, até 4,50%.
Para o começo desse ano a projeção é que IPCA mostre uma “falsa desaceleração”, causada pelo bônus referente a comercialização da energia da parte brasileira da Usina de Itaipu.
Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, explica que mesmo com o bônus, a inflação deve voltar a acelerar normalmente em fevereiro.
O dólar encerrou o ano em R$ 6,179, alta de 27,36% ao longo de 2024 após alta volatilidade anual, com uma desvalorização de 21,82% ante o dólar Ptax. Neste ano, analistas avaliam que o câmbio deve permanecer acima de R$ 6 durante o primeiro trimestre.
Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, fatores levam a crer que será muito difícil fugir desse cenário inflacionário.O boletim Focus projetou que a expectativa do IPCA é encerrar 2025 em alta de 4,99%. Vale destaca que o aumento de juros é inevitável para o controle da inflação, especialmente sem ajuda da política fiscal.Serrano também pontua que cenário com taxas de juros alta é inevitável durante o primeiro semestre.
A inflação no acumulado dos últimos doze meses foi pressionada principalmente pelo grupo de alimentação, representando 33% do total. O Núcleo sofreu com altas constantes devido aos efeitos climáticos, como o Lã Niña.
O grupo de alimentação e bebidas teve seu quarto aumento consecutivo em dezembro (1,18%). Braz aponta que a alta do IPCA de dezembro, que ficou em 0,52%, sofreu com questões sazonais que somaram-se a esses fatores.
As carnes afetaram o grupo de alimentação e bebidas em dezembro com alta de 20,84% no acumulado dos últimos 12 meses.
Desde que o regime de metas de inflação foi adotado no Brasil em 1999, essa é a oitava vez que o objetivo foi descumprido, depois de 2022, 2021, 2017, 2015, 2003, 2002 e 2001.
Assim, o Banco Central terá que explicar ao governo os motivos de o objetivo não ter sido cumprido, e já prevê a chance de repetir a investida em julho diante das suas atuais projeções para os preços ao consumidor.