Em uma aliança inesperada, senadores bolsonaristas se uniram a governistas e aprovaram, de forma unânime, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, um projeto de lei que permite ao governo Lula adotar medidas de retaliação contra os Estados Unidos, caso o presidente Donald Trump imponha um “tarifaço” ao Brasil. O projeto, votado nesta terça-feira (1º/4), autoriza a adoção de reciprocidade em tarifas comerciais, ampliando a capacidade do Brasil de responder a sobretaxas impostas por outros países. A informação é do Metrópoles.
A proposta foi relatada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura no governo Jair Bolsonaro. Tereza Cristina justificou a proposta como uma forma de proteção ao comércio brasileiro, e não como uma retaliação direta aos Estados Unidos. "Não é uma retaliação; é uma proteção quando os produtos brasileiros forem retaliados", afirmou a relatora durante a votação.
O contexto que impulsionou a aprovação do projeto foi o anúncio iminente de um novo tarifaço por parte do governo dos Estados Unidos, previsto para ser revelado nesta quarta-feira (2/4). Trump declarou que o “tarifaço” visa "libertar" a economia dos Estados Unidos, afetando tanto inimigos quanto aliados. O projeto aprovado estabelece que o Brasil poderá aplicar retaliações comerciais em casos de sobretaxas ou quando houver violação de acordos comerciais com o país.
O projeto foi aprovado com 16 votos a favor e nenhum contra, refletindo o apoio tanto de senadores ligados ao governo Lula quanto de bolsonaristas, como o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Mecias de Jesus (Republicanos-RR). Outros senadores bolsonaristas, como Jorge Seif (PL-SC), Rogério Marinho (PL-RN), Eduardo Girão (Novo-CE) e Eduardo Gomes (PL-TO), estiveram presentes na reunião, mas não participaram da votação.
A proposta ainda precisa passar por outras etapas legislativas, mas a aprovação na CAE já demonstrou a convergência de forças políticas distintas em um tema de interesse econômico estratégico. A aprovação também destaca o crescente debate sobre as tarifas e barreiras comerciais globais e como o Brasil poderá se posicionar frente a um possível confronto econômico com os Estados Unidos.